Reestruturação consular:
Autarcas portugueses em França preocupados
Lisboa, 04 Janeiro 2007 (Lusa).

Os autarcas portugueses em França estão preocupados com o anunciado encerramento de vários consulados naquele país e pediram ao deputado do PSD pela Emigração Carlos Gonçalves para transmitir as suas preocupações ao Governo, foi hoje anunciado.

"Aqueles autarcas pediram-me para intervir junto do Governo, no sentido de transmitir as suas preocupações e, eventualmente, fazer o Executivo recuar nas suas decisões", disse à Agência Lusa o deputado social-democrata.

Carlos Gonçalves falava na sequência de uma reunião promovida pela CIVICA, associação dos autarcas portugueses em França, para debater a reestruturação consular.

De acordo com o projecto do Governo, deverão ser extintos os consulados portugueses em Toulouse, Lille, Orléans, Tours, Versailles e Nogent (França).

Em Orléans, Tours e Toulouse vão ser criados consulados honorários, enquanto os serviços de Versailles e Nogent deverão ser absorvidos pelo Consulado de Portugal em Paris.

Para os autarcas portugueses, o projecto do Governo é um "claro desinvestimento do Estado português no que respeita à representação consular e diplomática", segundo o social-democrata.

De acordo com o deputado, os autarcas consideram que o consulado de Paris "não vai ter capacidade física para atender todas essas pessoas, que devem ascender as 500 mil".

"Se até hoje, Nogent tem dificuldades em fazer o atendimento, como será em Paris", questionou.

Em declarações à Agência Lusa, Paulo Marques, da CIVICA, defendeu ainda que a reestruturação consular vai afastar os luso-descendentes de segunda ou terceira geração de Portugal.

"Deverão ser poucos os pais que se dispõem a fazer quilómetros para registarem o seu filho no consulado", explicou.

O vereador com o pelouro da Juventude, Desporto e Comunicação na câmara de Aulnay-sous-Bois, disse também que já há "movimentações de alguns políticos franceses por considerarem que a comunidade portuguesa está inquieta com a deslocalização dos consulados e o abandono do Governo".

"Isto acontece numa altura em que a política francesa é de descentralização e de colocar os serviços mais perto da comunidade", afirmou.

Paulo Marques disse ainda que, com a reestruturação consular anunciada, há portugueses em França que têm de fazer cerca de 400 quilómetros para irem ao consulado de Paris.