• Lisboa, 16 Mar (Lusa)
    Hermano Sanches Ruivo foi hoje eleito conselheiro de Paris na segunda volta das eleições municipais, sendo o primeiro português a ocupar este cargo na Câmara da capital francesa.

        Em declarações à Agência Lusa, este português que vive em França há 38 anos, afirmou que foi convidado pelo actual presidente da Câmara de Paris, Bertrand Delanoë, a integrar as listas lideradas pelo PS às municipais.

        Hermano Sanches Ruivo figurava em quinto lugar na lista que se apresentou aos eleitores no 14º bairro da capital e conseguiu ser eleito, tornando-se um dos 163 conselheiros da cidade.

        Os conselheiros integram a Assembleia da Câmara Municipal, acompanham os dossiers que lhes são atribuidos, votam propostas e ajudam a autarquia a gerir um orçamento de sete mil milhões de euros.

        "É uma boa notícia para todos nós, só peca por ser tardia, dado que os portugueses já estão em França de forma maciça há mais de 40 anos", disse à Lusa o novo conselheiro sobre a sua eleição, adiantando que a lista em que se candidatou terá obtido 57 por cento dos votos.

        Hermano Sanches Ruivo nasceu na região de Castelo Branco e foi para França com 4 anos.

        Actualmente trabalha como consultor e afirma-se empenhado em promover e incentivar a participação política dos europeus residentes em Paris, em particular dos portugueses.

        Paulo Marques, presidente da CIVICA (associação de autarcas portugueses em França), disse à Lusa que tem indicações de uma forte participação da comunidade portuguesa nestas eleições.

        Candidato à vice-presidência da câmara de Aulnay-sous-Bois (nos arredores de Paris), Paulo Marques, que integrava as listas da UMP (direita), acabou por não ser eleito.

        Mas regojizou-se com a eleição de autarcas oriundos da comunidade portuguesa nas municipais francesas, embora ainda não saiba quantos.

        No entender do presidente da CIVICA, esta participação demonstra a "capacidade interventiva" dos portugueses.

    Alda Pereira eleita Presidente da câmara municipal de Noisy le Sec.
    Carlos da Silva em Corbeil essone
    Paulo Paixão reeleito vereador do urbanismo à primeira volta em Dammary les lys

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  • Segunda volta é amanhã. Com apelidos familiares.
    Entre os milhares de candidatos às municipais francesas há apelidos que nos soam familiares: Carvalho, Ruivo, Carreira, Pereira, Marques.
    É a segunda vez, desde 2001, que várias centenas de portugueses se podem apresentar como candidatos às autárquicas no país. E não é de estranhar que outros candidatos de peso - como o presidente socialista da câmara de Paris, Bertrand Delanöe, ou o seu homólogo de Lyon, Gérard Collomb - façam questão em incluir um franco-português nas suas listas, em posição elegível. Nos últimos anos o número de eleitores da comunidade lusófona disparou, graças às campanhas de sensibilização, mas também a uma segunda geração mais militante. Se para as europeias de 1999 eram pouco mais de 8 mil, amanhã, para a segunda volta das municipais, serão cerca de dez vezes mais os portugueses ou franco-portugueses que se deslocam às urnas (o número de luso-descendentes é difícil de apurar uma vez que em França os dados oficiais não discriminam os nacionais de origem estrangeira).

    Um número ainda muito aquém dos cerca de quase um milhão de eleitores potenciais, que desde há alguns anos representam uma reserva de votos cortejada por todos os partidos, à direita, mas de uma forma mais visível à esquerda - dos comunistas aos socialistas. Em Fevereiro, o presidente da Câmara de Paris, socialista, realizou uma "marcha dos europeus" nos paços do concelho da capital para apresentar os candidatos de várias nacionalidades integrados na sua lista. O convidado de honra do evento foi o presidente da câmara de Lisboa, António Costa. Uma presença simbólica também para apoiar aquele que poderá ser o primeiro vereador franco-português de uma junta de freguesia da capital. Hermano Sanches Ruivo, presidente da Coordenação das Comunidades Portuguesas de França, foi uma das 20 personalidades da sociedade civil convidadas por Bertrand Delanoë para se apresentarem às eleições. Surge em quinta posição numa lista de esquerda que se apresenta ao XIV bairro de Paris. Entre os ilustres que o apoiam, conta-se uma das mais conhecidas residentes do bairro, a actriz portuguesa Maria de Medeiros. Depois de ter obtido 45% de votos na primeira volta das autárquicas, o candidato afirma-se esperançoso de, à segunda volta, conseguir concretizar o desejo de que "a segunda geração de portugueses ocupe finalmente um lugar no debate político francês". E sublinha: "A maioria dos candidatos com posições de destaque nestas eleições tem hoje cerca de 40 anos, é uma geração com uma visão diferente, a dos nossos pais, que tinha outras noções de participação cívica, eram alheios à ideia de contestação e preferia uma participação mais acanhada, ao nível do associativismo."

    Hermano Ruivo não nega que o convite que lhe foi endereçado foi também uma piscadela de olho ao eleitorado português, mas não hesita em dizer: "Tenho todo o gosto em dizer a todos os portugueses que o projecto do Bertrand Delanoë é o que melhor se adequa às expectativas da comunidade." Como autarca, espera poder criar um lóbi político franco-português para incentivar a mobilização, que afirma ter sido descurada, também pelos governos portugueses: "A primeira vez em que pudemos votar em França na eleição para o Presidente da República Portuguesa só foi em 2001. Para alguns foram mais de 35 anos à espera, o que é quase uma vida."

    Paulo Marques, que se recandidata ao lugar de vereador de Aulnay- -sous-Bois - região de Paris - por uma lista do partido conservador UMP, é também um protagonista da evolução da participação política da comunidade portuguesa.

    Ex-assessor de campanha dos presidentes Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy para o eleitorado lusófono, foi um dos primeiros franco-portugueses a ser convidado para assumir funções políticas em França. "É possível que em 2001, porque era a primeira vez em que os europeus podiam votar, que existisse um aproveitamento da imagem de minoria, era importante ter um português numa lista, mas hoje a presença dos portugueses como candidatos é o reflexo real do peso demográfico da comunidade".

    À cabeça da associação Cívica, que agrupa os autarcas portugueses em França, tem multiplicado nos últimos meses as campanhas para apelar ao voto da comunidade, ao mesmo tempo que traça o perfil deste novo eleitorado.

    "Os portugueses partilham das mesmas preocupações do resto da população, focando mais a questão do emprego, os valores da família, os valores do trabalho, e também a questão empresarial. Existem mais de 45 mil empresas de portugueses em França. Se houvesse um tema mais específico, seria o da língua portuguesa em França. Se os nossos filhos não tiverem aulas de português com um certo nível, penso que a próxima geração será a que abandonará o português."

    Na primeira volta, a sua lista obteve 46,4% dos votos num resultado bastante cerrado com a lista opositora de "união da esquerda". Dos 120 portugueses candidatos na região de Paris, 11 foram eleitos e 109 vão à segunda volta.


    Para Luis Carreira, que se apresenta como o primeiro português candidato a vereador numa lista ao II bairro de Lyon, segunda cidade francesa, "é importante que os portugueses em França deixem de pensar que são emigrantes e passem a sentir-se cidadãos europeus". Pequeno empresário, este candidato que afirma "ter o coração à esquerda" acumula diversos cargos de liderança em associações e clubes portugueses desde há 15 anos. "O meu pai, quando era pequeno, dizia-me sempre: não faças barulho porque não estás no teu país, mas hoje digo que quero fazer barulho quero mostrar que posso e devo participar no debate político do que também é o meu país."

    Foi a vitória do líder de extrema-direita Jean-Marie Le Pen nas presidenciais de 2002 que o levou a querer participar no debate político. Em França desde os cinco anos, decidiu pedir a dupla nacionalidade para poder votar nas presidenciais e agora para poder assumir o cargo de maire adjunto. Lamenta que entre os 12 mil franceses que vivem em Lyon apenas 500 se tenham inscrito para votar. A lista socialista pela qual se apresenta recolheu 38,62% de votos, na primeira volta. O desafio é derrotar a direita do bairro, contando com o apoio dos centristas. Uma tarefa difícil num dos poucos bairros da cidade que não foi conquistado pela esquerda à primeira volta.

    Ao contrário da maioria dos candidatos de centro, Alcino Alves Pires, de 64 anos, não quis entrar em negociações à esquerda ou à direita para a segunda volta das presidenciais. Cabeça de lista do Movimento Democrático em Evreux, ao obter 10,43% na primeira volta, decidiu retirar-se da corrida e da vida política.

    Reformado desde há meses, embarcara nesta aventura política porque, afirma, "para mim a política é retribuir o que se recebeu e esta cidade deu-me muito". Recebeu vários convites para continuar na corrida, mas recusou-os todos por uma questão de princípio: "Sempre fui um centrista, em 1974 inscrevi-me no Partido Republicano e em 1978 na UDF, que hoje se transformou em Movimento Democrático (Modem). Há 45 anos que tento mudar a política na cidade onde vivo, através do meio associativo e desportivo."

    Presidente da Liga Normanda de Karaté, Alcino acumula uma série de outros cargos de presidência em organizações profissionais e associações regionais. Originário de uma aldeia nos arredores de Coimbra, empresário no sector da restauração e da hotelaria, orgulha-se de ter acolhido personalidades tão diversas como o actual presidente Nicolas Sarkozy ou a líder do partido comunista francês Marie-George Buffet. Hoje, sempre ao centro, abandona sem remorsos a vida política.

    Alda Pereira Lemaitre, 42 anos, cabeça de lista de uma "união da esquerda socialista, ecologista e cidadã" em Noisy-le-Sec, nos arredores de Paris, obteve na primeira volta 27,13% dos votos, aos quais soma agora o apoio dos 26,61% dos comunistas para a segunda volta. A caminho da presidência da câmara, afirma ao DN gente querer "humanizar a cidade".

    Responsável comercial e autora de livros para crianças, esta candidata nascida na Covilhã e com dupla nacionalidade recebeu na quarta-feira a visita e o apoio de peso da ex-candidata socialista às presidenciais Ségoléne Royal. "Sou a primeira candidata franco-portuguesa a apresentar-me ao cargo de presidente da câmara de Noisy".

    Se for eleita, entre os vários pontos do seu programa social, inclui uma medida simbólica, a geminação da localidade com uma cidade portuguesa e a criação de cursos de português para os filhos de imigrantes na localidade: "O facto de pertencer a uma comunidade que está bem implantada em França e de ser reconhecida como aberta e trabalhadora é uma vantagem para uma candidata."

    Antiga assessora do presidente da câmara para o ambiente, Alda Lemaître, militante de esquerda, desloca-se todos os anos pelo menos uma vez a Portugal, frequentemente para as comemorações do 25 de Abril. Quando chegou com os pais a França, em 1968, conheceu ainda a vida do bairro de lata dos portugueses de Nanterre, antes de se mudar para Villeparisis em Seine-et-Marne.

    Quarenta anos depois prepara-se, como muitos outros candidatos, para tomar as rédeas do poder em França.

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  • Mais informações sobre os candidatos eleitos e os que vão à segunda volta
    domingo 16 de Março.

    Distrito (département) de Seine-Saint-Denis (93)

    Dos 120 candidatos Franceses de origem Portuguesa e Portugueses do distrito
    58 lusos não passaram da primeira volta das autarquicas,
    69 candidatos lusos estão apurados para a segunda volta do proximo domingo,
    11 candidatos Portugueses ou de origem Portuguesa Foram eleitos.
    5 cidades vão eleger um candidato no proximo domingo.

    58 candidatos lusos não foram eleitos
    11 candidatos eleitos à primeira volta
    69 candidatos à segunda volta dia 16 de Março
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  • Lisboa, 07 Mar (Lusa)

    Muitos emigrantes residentes em França ainda desconhecem que podem votar para as eleições municipais, alertou hoje Ludovic Pereira, um dos mais de mil candidatos portugueses e luso-descendentes às eleições municipais francesas de domingo.



        "É uma carência de informação. Não é que não queiram votar, não sabem que podem", disse hoje à Agência Lusa por telefone o militante da União para o Movimento Popular (UMP, direita).

        De acordo com o luso-descendente, "os portugueses estão pouco informados. Como não podem votar para o presidente ou para o governo, pensam que também não podem votar para as câmaras municipais".

        Com 25 anos e a trabalhar na política há sete, Ludovic Pereira é um dos mais jovens portugueses e luso-descendentes candidatos às eleições municipais de França que se realizam domingo e a 16 de Março (segunda volta).

        Apesar de ser militante da UMP, o luso-descendente concorre em Montereau numa lista coligada com o Partido Socialista (PS).

        Para o futuro, Ludovic Pereira defendeu que, "pelo menos, os dois principais partidos" deviam criar "uma estrutura específica para os portugueses em França para os informar".

        Ajudar e valorizar a comunidade portuguesa em França foram os motivos que levaram o português José Cristóvão Ricardo, de 58 anos e natural de Paul, concelho da Covilhã, a concorrer às eleições municipais francesas.

        A viver em França desde 1966, José Cristóvão Ricardo é conselheiro municipal desde 2001 e decidiu recandidatar-se novamente pela UMP na cidade de Argenteuil, onde residem mais de 100 mil habitantes, dos quais cerca de oito mil são portugueses.

        "Concorro porque faz parte da responsabilidade de gestão de uma cidade, de viver aqui e pagar impostos e também para valorizar a comunidade portuguesa e ajudar os compatriotas", disse o português à Lusa.

        José Cristóvão Ricardo tem esperança de que os "poucos" portugueses inscritos nos cadernos eleitorais "votem em massa" no próximo domingo.

        "Os portugueses interessam-se pouco. Lançámos uma campanha para se inscreverem e podíamos ter 200 mil inscritos, temos apenas 70 ou 80 mil, o que é pouco", afirmou.

        No entanto, considera que o facto de existirem mais de mil candidatos também é positivo para o aumento de eleitores portugueses em França porque "faz com que os seus familiares se inscrevam para votar".

        Quem decidiu regressar às lides eleitorais, mas desta vez como candidato, foi o luso-descendente Pascal de Lima, que em 2007 trabalhou na campanha da candidata à presidência francesa Ségolène Royal.

        "A participação na campanha presidencial teve muita influência nesta minha decisão. As presidenciais foram uma experiência muito interessante e pensei que podia ser positivo contactar com as eleições de modo mais activo e menos passivo", disse à Lusa.

        A concorrer pelo Partido Socialista (PS) na cidade de Boulogne, Pascal de Lima, de 35 anos, concorre ao cargo de vereador na área dos assuntos financeiros e económicos.

        Candidato na posição 16 em 55 membros da lista, o luso-descendente admite que a vitória "não vai ser fácil porque Boulogne é uma cidade de direita, muito ligada à UMP de Nicolas Sarkozy".

        "Para ser eleito é preciso fazer mais do que 40 por cento na primeira volta. Vai ser difícil", afirmou.

        Pela primeira vez a concorrer a umas eleições, Pascal de Lima estudou no Instituto de Ciências Políticas de Paris, doutorou-se em economia e trabalhou nas comissões nacionais do PS.

        "Nunca tinha pensado em passar para o outro lado da barreira. Agora é um bom momento para aproveitar aquilo que fiz para os outros e fazer para mim também", disse.

        A residir numa cidade que tem quatro mil portugueses residentes, o luso-descendente considera que as eleições "passam um bocadinho ao lado" da comunidade portuguesa.

        "Por isso, fizemos campanhas junto dos portugueses para os informar que podiam inscrever-se nas listas eleitorais e muitos inscreveram-se", afirmou o candidato.

        Também a concorrer pelo PS na cidade de Metz, Leste de França, a jovem Nathalie Oliveira, de 30 anos, garante que os portugueses que residem naquela cidade estão "muito interessados" nas eleições.

        "Estão atentos, pedem informação e exigem também alguma formação", afirmou.

        Com a sua candidatura, a jovem luso-descenente quer mostrar o "valor e a importância da comunidade portuguesa para a cidade" de Metz.

        Para já, a sua luta é informar todos os emigrantes de que "têm direito a votar para as câmaras municipais e para o Parlamento Europeu".

        Mais de mil portugueses e luso-descendentes concorrem por todos os partidos às eleições municipais francesas.

        Nas municipais de 2001, foram eleitos 350 candidatos portugueses.

       

        MCL.


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  • França: Eleições para comunas e cantões a 9 e 16 de Março
    Presença de portugueses dá até para listas rivais

    Mais de 1500 candidatos e cerca de 70 mil inscritos – para só falar dos imigrantes não naturalizados – dão um toque português às eleições municipais e cantonais francesas do próximo domingo e de 16 de Março. Em lista estão sobretudo portugueses naturalizados e descendentes nascidos em França que, em plena integração, surgem muitas vezes em listas rivais.

    Corbeil-Essonnes, cidade de cinquenta mil habitantes ao Sul de Paris, é um exemplo: duas das três principais listas tem marca de portugalidade. Carlos da Silva é cabeça de lista pelo PS; Bernadette Lesage, trasmontana de Vila Flor casada com um francês e ex-maire (presidente de câmara) adjunta lidera uma lista independente de centro-direita – L’Alternative Ensemble (Alternativa Conjunta). Mais, o actual maire, Serge Dassault, disputa a reeleição numa lista do UMP (partido de Sarkozy) onde a luso-descendente Cristela de Oliveira aparece no 4.º lugar, com eleição assegurada.

    A Norte de Paris, Aulnay-sous- -Bois, com 81 mil habitantes e uns 10% de emigrantes portugueses, é outro caso de presença lusa com êxito. Paulo Marques, há 13 anos no Conselho Municipal, é candidato à vice-presidência da câmara na lista UMP de Gérard Gaudron. Filho francês de um casal de emigrantes de Espito, no concelho de Ourém, anima a nível de comunidade portuguesa a Associação Cívica e explica: “Temos ocupado terreno em todas as frentes da política francesa e fazemos sentir a portugalidade.”

    Nestas eleições a aposta era ter cem mil inscritos, Os potenciais eleitores portugueses são mais de meio milhão, mas só se inscreveram uns 70 mil emigrantes lusos não naturalizados franceses. Estes beneficiam pela segunda vez, após 2001, do direito dos nacionais de outros países da UE de votar em eleições locais. Em termos de França constituem o maior lote de eleitores estrangeiros: são o dobro dos italianos, três vezes mais do que belgas ou espanhóis e cinco vezes os alemães ou ingleses. Dos lado dos elegíveis, 1500 a dois mil portugueses e luso-descendentes estão entre os candidatos a maire e conselheiros municipais nas mais de 36 mil localidades de França.

    A comunidade portuguesa em França subiu a mais de um milhão nos anos 70. Muitos dos descendentes com nacionalidade francesa e outros que se naturalizaram seguiram os caminhos da política. A maré cheia política vale, contudo, mais pelas estreias. Uma delas é Cidália Valente, portuguesa não naturalizada que depois de se reformar entra na política como candidata UMP em Fontenay Le Fleury, perto de Versalhes. Será curiosos ver os resultados depois de 16 de Março.

    PERSPECTIVAS PORTUGUESAS PARA AS PRÓXIMAS MUNICIPAIS E CANTONAIS EM FRANÇA

    "ATÉ OS QUE NÃO VOTAM ME AJUDAM NA CAMPANHA" (Patrice de Carvalho, Maire de Thourotte, Oise)

    Nascido em França, filho de emigrantes do Luso, Patrice de Carvalho, 55 anos, sente-se meio português e explica: “Tive sempre grande apoio dos emigrantes portugueses. São numerosos na região e até os que não votam me ajudam na companha. Este ano, na lista PCF, tenho uma francesa casada com português. Se votarem como falam serei reeleito e o UMP Sarkozy derrotado.”

    "PRÓXIMO MAIRE DEVE SER DE ORIGEM PORTUGUESA" (Abílio Cruz, Conselheiro de Corbeil, Essonne)

    Trasmontano, Abílio Cruz tem longa experiência na Câmara de Corbeil-Essonnes, onde vê um horizonte luso: “Embora cumpra o mandato até ao fim, afastei-me de Serge Dassault [UMP] e apoio a L’Alternative Ensemble (centro-direita), liderada por Bernadette Lesage, luso-francesa nascida em Vila Flor. Tem seis lusos na lista. Uma aliança com Carlos da Silva [PS] à 2.ª volta deve dar vitória.”

    CANDIDATA A DEPUTADA PROCURA NOVO FÔLEGO (Cristela de Oliveira, Candidata UMP em Corbeil)

    Após as Legislativas de 2007, em que não impediu a reeleição de Manuel Vals, dirigente nacional do PS francês, a luso-descendente Cristela Oliveira enfrentou problemas políticos. Acabou por vencer e surge agora como n.º 6 na lista de 43 para a recandidatura de Serge Dassault, maire de Corbeil desde 1995, após 35 anos de maiorias comunistas. É o primeiro nome UMP da lista.

    "PORTUGAL FOI PIONEIRO NAS MUNICIPAIS" (Paulo Marques, candidato pelo UMP em Aulnay)

    Correio da Manh㠖 A ascendência portuguesa é um factor de facilidade pa-ra a sua eleição?

    Paulo Marques – Penso que sim, porque há um trabalho que vem desde 1989 e não é uma ideia que cai do céu, no género do ‘sou filho de portugueses e há muitos para votarem por mim em Aulnay’. O decisivo é que como francês em França e português em Portugal aponto ao que é ser europeu hoje. Esta dimensão da cidadania mudou muito em relação aos preconceitos de 1995. Então houve quem me atacasse com ‘não me digam que vamos passar a falar português na Mairie’.

    – Existe resistência aos portugueses nas listas?

    – Não creio, mas persiste a ideia de olhar os imigrantes como intrusos e até inimigos. A maioria compreende, porém, os nossos objectivos de nos fazermos ouvir e dar voz aos nossos pais que vieram para França nos anos 60/70. O facto de haver quase dois mil candidatos com marca de portugalidade mostra que estamos no bom caminho.

    – Quais são os objectivos desta acção política?

    – Além do alargar de uma identidade a que chamo portugalidade estamos a fazer avançar as ideias da participação política na União Europeia. E Portugal foi pioneiro na eleição de estrangeiros em municipais. O francês Jean-Claude Ranger entrou para a Câmara de Tavira em 1993, enquanto em França portugueses e outros europeus tiveram de esperar por 2001 para votar. As próximas municipais são apenas a segunda vez em que votam.</aux></texto>

    João Vaz


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