• Eleições municipais francesas de domingo

    Lisboa, 07 Mar (Lusa)

    Muitos emigrantes residentes em França ainda desconhecem que podem votar para as eleições municipais, alertou hoje Ludovic Pereira, um dos mais de mil candidatos portugueses e luso-descendentes às eleições municipais francesas de domingo.



        "É uma carência de informação. Não é que não queiram votar, não sabem que podem", disse hoje à Agência Lusa por telefone o militante da União para o Movimento Popular (UMP, direita).

        De acordo com o luso-descendente, "os portugueses estão pouco informados. Como não podem votar para o presidente ou para o governo, pensam que também não podem votar para as câmaras municipais".

        Com 25 anos e a trabalhar na política há sete, Ludovic Pereira é um dos mais jovens portugueses e luso-descendentes candidatos às eleições municipais de França que se realizam domingo e a 16 de Março (segunda volta).

        Apesar de ser militante da UMP, o luso-descendente concorre em Montereau numa lista coligada com o Partido Socialista (PS).

        Para o futuro, Ludovic Pereira defendeu que, "pelo menos, os dois principais partidos" deviam criar "uma estrutura específica para os portugueses em França para os informar".

        Ajudar e valorizar a comunidade portuguesa em França foram os motivos que levaram o português José Cristóvão Ricardo, de 58 anos e natural de Paul, concelho da Covilhã, a concorrer às eleições municipais francesas.

        A viver em França desde 1966, José Cristóvão Ricardo é conselheiro municipal desde 2001 e decidiu recandidatar-se novamente pela UMP na cidade de Argenteuil, onde residem mais de 100 mil habitantes, dos quais cerca de oito mil são portugueses.

        "Concorro porque faz parte da responsabilidade de gestão de uma cidade, de viver aqui e pagar impostos e também para valorizar a comunidade portuguesa e ajudar os compatriotas", disse o português à Lusa.

        José Cristóvão Ricardo tem esperança de que os "poucos" portugueses inscritos nos cadernos eleitorais "votem em massa" no próximo domingo.

        "Os portugueses interessam-se pouco. Lançámos uma campanha para se inscreverem e podíamos ter 200 mil inscritos, temos apenas 70 ou 80 mil, o que é pouco", afirmou.

        No entanto, considera que o facto de existirem mais de mil candidatos também é positivo para o aumento de eleitores portugueses em França porque "faz com que os seus familiares se inscrevam para votar".

        Quem decidiu regressar às lides eleitorais, mas desta vez como candidato, foi o luso-descendente Pascal de Lima, que em 2007 trabalhou na campanha da candidata à presidência francesa Ségolène Royal.

        "A participação na campanha presidencial teve muita influência nesta minha decisão. As presidenciais foram uma experiência muito interessante e pensei que podia ser positivo contactar com as eleições de modo mais activo e menos passivo", disse à Lusa.

        A concorrer pelo Partido Socialista (PS) na cidade de Boulogne, Pascal de Lima, de 35 anos, concorre ao cargo de vereador na área dos assuntos financeiros e económicos.

        Candidato na posição 16 em 55 membros da lista, o luso-descendente admite que a vitória "não vai ser fácil porque Boulogne é uma cidade de direita, muito ligada à UMP de Nicolas Sarkozy".

        "Para ser eleito é preciso fazer mais do que 40 por cento na primeira volta. Vai ser difícil", afirmou.

        Pela primeira vez a concorrer a umas eleições, Pascal de Lima estudou no Instituto de Ciências Políticas de Paris, doutorou-se em economia e trabalhou nas comissões nacionais do PS.

        "Nunca tinha pensado em passar para o outro lado da barreira. Agora é um bom momento para aproveitar aquilo que fiz para os outros e fazer para mim também", disse.

        A residir numa cidade que tem quatro mil portugueses residentes, o luso-descendente considera que as eleições "passam um bocadinho ao lado" da comunidade portuguesa.

        "Por isso, fizemos campanhas junto dos portugueses para os informar que podiam inscrever-se nas listas eleitorais e muitos inscreveram-se", afirmou o candidato.

        Também a concorrer pelo PS na cidade de Metz, Leste de França, a jovem Nathalie Oliveira, de 30 anos, garante que os portugueses que residem naquela cidade estão "muito interessados" nas eleições.

        "Estão atentos, pedem informação e exigem também alguma formação", afirmou.

        Com a sua candidatura, a jovem luso-descenente quer mostrar o "valor e a importância da comunidade portuguesa para a cidade" de Metz.

        Para já, a sua luta é informar todos os emigrantes de que "têm direito a votar para as câmaras municipais e para o Parlamento Europeu".

        Mais de mil portugueses e luso-descendentes concorrem por todos os partidos às eleições municipais francesas.

        Nas municipais de 2001, foram eleitos 350 candidatos portugueses.

       

        MCL.


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